segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Arte do Naturalismo

O Naturalismo foi uma tendência artística prevalecente em toda a Europa, na segunda metade do século XIX.


O Naturalismo pretende imitar a Natureza com exactidão, opondo-se ao idealismo e ao simbolismo.

Os pintores foram-se interessando cada vez mais pela representação da vida quotidiana e dos seus acontecimentos.
Esta escola procura a inspiração na observação directa da Natureza, que é pintada no local, e com toda a autenticidade. A sua temática é portanto determinada pela pintura ao ar livre (plein air): a paisagem, cenas da vida e do trabalho no campo. A pintura é executada no local e observando directamente o motivo a representar, bem como a luz e a cor local.

A “Escola do Barbizon”, dá inicio a uma pintura que abandona as formas tradicionais de pintar, a pintura de Atelier.


 

 
floresta de Fontainebleau  Pintura de Théodore Rosseau

Obras marcantes do naturalismo

     Inglês de Sousa
  • O Cacaolista (1876)
  • Historia de um Pescador (1876)
  • O Coronel Sagrado (1877)
  • Contos Amazônicos (1891)

     Obras Principais de Adolfo Caminha
  • A Normalista (1892), Bom Crioulo (1895), A Tentação (1896) - romances
  • Judith (1893), Lágrimas de um Crente (1893) - contos
  • Vôos Incertos (1855-6) - poesia
  • Cartas Literárias (1895) - crítica
  • No País dos Ianques (1894) - crônica


    Obras Principais de Aluísio de Azevedo 
  • O Mulato (1881)
  • Casa de Pensão(1884)
  • O Coruja (1885)
  • O Cortiço (1890)
    Autores principais 
    Aluísio Gonçalves de Azevedo

    Aluísio Azevedo

      Caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. É o fundador da Cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras.
    A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal anticlerical O Pensador, que defendia a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. Em 1881, Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto de que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor.

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    Inglês de Souza


    Inglês de Souza


    Inglês de Sousa (Herculano Marcos I. de S.), advogado, professor, jornalista, contista e romancista, nasceu em Óbidos, PA, em 28 de dezembro de 1853, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de setembro de 1918. Compareceu às sessões preparatórias da criação da Academia Brasileira de Letras, onde fundou a Cadeira n. 28, que tem como patrono Manuel Antônio de Almeida. Na sessão de 28 de janeiro de 1897 foi nomeado tesoureiro da recém-criada Academia de Letras.
    Fez os primeiros estudos no Pará e no Maranhão. Diplomou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo, em 1876. Nesse ano publicou dois romances, O cacaulista e História de um pescador, aos quais seguiram-se mais dois, todos publicados sob o pseudônimo Luís Dolzani. Com Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Silva publicou, em 1877, a Revista Nacional, de ciências, artes e letras. Foi presidente das províncias de Sergipe e Espírito Santo. Fixou-se no Rio de Janeiro, como advogado, banqueiro, jornalista e professor de Direito Comercial e Marítimo na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais. Foi presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros.
    Foi o introdutor do Naturalismo no Brasil, mas seus primeiros romances não tiveram repercussão. Tornou-se conhecido com O missionário (1891), que, como toda sua obra, revela influência de Zola. Nesse romance, descreve com fidelidade a vida numa pequena cidade do Pará, revelando agudo espírito de observação, amor à natureza, fidelidade a cenas regionais.
    Fonte: www.academia.org.br

    Adolfo Caminha
    Adolfo Caminha

    Em 1887, a 16 de Dezembro, promovido a 2º tenente, publicou Judite e Lágrimas de um Crente, livro de contos. Em 1888, regressa a Fortaleza e envolve-se em rumoroso escândalo, ao raptar a esposa de um alferes. O ministro da Marinha interfere, inutilmente, para pôr fim à situação. Em 1890, Adolfo Caminha, pressionado de todos os lados, se demite e com a mulher e duas filhas segue para o Rio de Janeiro, onde vive como funcionário publico. Em 1891, fundou, em Fortaleza, a Revista Moderna, e colaborou no jornal O Norte.
    Em 1893, lançou o romance A Normalista, colaborou na Gazeta de Notícias e em O País. Em 1894, publicou No País dos Ianques, fruto de sua ida, oito anos antes, aos Estados Unidos. Um ano depois, o romance O Bom Crioulo, e Cartas Literárias. Em 1896, ano em que fundou a Nova Revista, publicou Tentação. Atormentado pelas dificuldades econômicas e debilitado pela tuberculose, morre precocemente. Deixou inacabados os romances: Ângelo e O Emigrado.
    Fonte: www.culturabrasil.pro.br
    Exemplos de Textos

    O mulato
    Aluísio de Azevedo

    Quando Raimundo nasceu,seu pai,José Pedro da Silva,era casado com Quitéria de Freitas Santiago,que era mulher branca. Sua esposa decidiu acoitar e queimar os genitais da escrava Domingas,por causa da atenção que aquele dava a esta. Sem saber o que fazer, José Pedro leva o filho para casa do irmão em São Luiz .Regressando á fazenda ele encontra sua esposa transando com o Padre Diogo que naquela situação vergonhosa,acaba matando sua esposa,sendo o próprio Padre como testemunha. Depois de ambos fazerem um pacto de cumplicidade, José sai da fazenda e vai pra casa de seu irmão,onde morre. Raimundo que havia ficado anos na Europa,decide retornar ao Brasil e depois de ficar um ano no Rio volta para a sua terra,São Luiz,onde foi teve uma recepção calorosa de sua família e ao mesmo tempo pode rever seu tio e tutor Manuel Pescada. Depois de muito tempo, Raimundo já crescido decide investigar sua infância e acaba convencendo seu tio a visitar a fazenda onde fora criado quando criança. Ana Rosa, que era a sua prima,se apaixona por ele. Para que esta paixão se efetivasse teria que ser removido três barreiras:o pai da moça queria que a mesma se casasse com um dos caixas onde trabalhava;o cônego Diogo que era inimigo de Raimundo e por ser ele o responsável pela morte do pai deste e a avó da moça ,Maria Barbara,que era racista .Pouco a pouco começou a saber dos fatos relacionados á sua infância. Pede-se a mão de Ana Rosa e depois descobre que o razão de não se casar com ela era por causa da sua cor. Volta pro Rio,escreve uma carta para esta,revelando o seu amor pela mesma. Mesmo diante das proibições eles tentaram fugir. Uma carta foi interceptada pelo caixeiro Dias,empregado de Manuel Pescada. Quando foram efetuar a fuga,são descobertos. O caixeiro Dias acaba assassinado Raimundo por uma arma que era do cônego. Quem foi o autor da cilada foi o cônego. Ana Rosa aborta a criança

    O Cortiço
    Aluísio de Azevedo

    João Romão, português ambicioso, compra pequeno estabelecimento
    comercial na cidade do Rio de Janeiro ao lado do qual morava uma
    escrava fugida (Bertoleza) que possuía uma quitanda e algumas economias
    com quem João Romão passa a viver. Com o dinheiro de Bertoleza, o
    português compra algumas terras, aumentando seu patrimônio e forja uma
    carta de alforria para sua companheira. Com o decorrer do tempo, João
    Romão começa a construir casas (verdadeiros cubículos!) que passam a
    compor um movimentado cortiço ao lado do qual vem morar outro
    português, o Miranda, de classe média alta, cuja mulher leva vida
    irregular. Miranda não gosta nem um pouco da proximidade com o cortiço
    onde moram os mais variados tipos: brancos, pretos, mulatos,
    lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras, etc., dentre os
    quais se destacam: Machona, lavadeira escandalosa; Alexandre, mulato
    antipático; Pombinha, moça boa que acaba por se prostituir; Rita
    Baiana, mulata faceira; Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua
    mulher, e outros mais. No cortiço há várias festas. Nelas, Rita Baiana,
    provocante e sensual, enlouquece a todos os homens causando brigas que
    culminam numa verdadeira “guerra” entre o cortiço de João Romão
    ("Cabeça-de-gato") e o cortiço vizinho (“Carapicus”). Porém, um
    incêndio em vários barracos do “Cabeça-de-gato” põe fim à briga
    coletiva. João Romão, agora endinheirado, reconstrói o cortiço e decide
    casar-se com Zulmira, filha de seu vizinho Miranda. Só há uma
    dificuldade: Bertoleza. João Romão tem um plano para livrar-se dela:
    denuncia aos antigos proprietários da escrava seu atual paradeiro. A
    escrava, com a chegada da polícia, compreende o que estava acontecendo
    e corta o ventre com a faca com que preparava a refeição de João Romão,
    morrendo diante de seus olhos. Ironicamente, abolicionistas aguardam na
    sala de João Romão para entregar-lhe um título de benfeitor benemérito.

    CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL DO NATURALISMO


    A partir da segunda metade do século XIX , o ambiente sócio-cultural europeu apresenta significativas mudanças . A civilização burguesa , industrial e mecânica , começa a se firmar . As idéias de liberalismo e democracia ganham dimensões cada vez maiores .As ciências naturais desenvolvem-se e os métodos de experimentação e observação da realidade passam a ser encarados como os únicos capazes de explicar racionalmente o mundo físico .
    O desenvolvimento científico da época galvanizou a intelectualidade que , das cátedras universitárias aos bares boêmios , adere ao cientificismo e ao materialismo , opondo-se à metafísica , à religião e a tudo escapasse dos limites da matéria .Algumas doutrinas científico-filosóficas da época deixaram marcas visíveis na produção literária . Hegel divulga a sua Dialética do Processo Racional , segundo a qual qualquer raciocínio pode ser lógico , desde que seja estruturado na trilogia seqüencial "tese- antítese - síntese". O Positivismo de Augusto Comte defendia a importância da Ciência para a sociedade humana. Ele concluía que a Teologia e a Metafísica poderiam ser abandonadas , já que a realidade é concreta , objetiva e lógica , o que permitia a análise lógica e experimental ; mais ainda : tudo poderia ser explicado e entendido por todos . A publicação de A Origem das Espécies de Charles Darwin eliminou a aura de espiritualidade e misticismo que o idealismo romântico conferia ao ser humano , encarando-o como parte de uma grande cadeia alimentar , nivelando-o com outros seres vivos . O livro , que contou com a forte oposição da Igreja , teve um extraordinário sucesso de público , comprovando a curiosidade geral em torno do tema e das novas idéias evolucionistas .BASEANDO-SE NESTAS TEORIAS, FOI QUE NASCEU O NATURALISMO.

    Características do Naturalismo no Brasil


    Após o movimento do Realismo, que se limitava a retratar o homem em interação com o seu meio social, surge no Brasil o Naturalismo, que tinha como principal característica o emprego de temas voltados para a análise do comportamento patológico do ser humano. Essa nova escola literária baseava-se na observação fiel e científica da realidade, de forma bastante objetiva e detalhada, e também na experiência do indivíduo que, para os autores, era determinada pelo seu ambiente e hereditariedade.
    Considerado por muitos como o início do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin no Brasil, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas nunca antes trabalhados como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Influenciados pelas ideias, não só de Darwin como também de Hippolyte Taine, Émile Zola e Auguste Comte, os autores naturalistas passaram a retratar em seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados pelos naturalistas parte da personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia.
    Além das características já citadas, o Naturalismo era tido como uma espécie de radicalização do Realismo, oposto ao Romantismo e firmado na prosa. O romance naturalista, de linguagem falada e abordagem aberta de temas, causou espanto na sociedade da época que por sua vez considerava os textos chocantes. No Naturalismo, os autores observavam a realidade, a sociedade, a natureza e o homem por meio de um método científico e suas visões eram determinista-mecanicistas, fruto das ideias positivistas e evolucionistas. O cientificismo exagerado transformou a sociedade e o homem em objetos de experiência. O importante era o conteúdo e não a forma. A inovação do naturalismo na literatura foi tamanha que a impressão que se tem ao se ler uma obra dessa escola é de se tratar de um texto atual, contemporâneo.

    Fonte: Portal online Wikipédia
                     Portal online Brasil Escola
                     Portal online Recanto das Letras (publicação de Diana Gonçalves)
                     Portal online Info Escola